quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O mendigo da incerteza

É por medo de acreditar que as pessoas comentem o erro de se proteger criando, como se fosse um casulo, armadura ou coisa semelhante, o sentimento da incerteza. E é por medo também que não fecham os olhos e se deixam levar pelo som da respiração de que se ama. É por medo que se finge feliz enquanto tudo o que se tem são magoas guardadas dentro de um pedaço de tecido esquecido no peito. É por medo e nada além dele que sorrisos se escondem atrás de perguntas sem pé nem cabeça. É medo de quebrar a cara novamente, e de novo, e de novo, por amar ou por ser amado. É medo de segurar em uma mão estendida a você e deixar que o corpo da mesma te guie sem rumo, sem sentido e sem medo. É por medo de abrir a porta enquanto chove e, pensar que a água pode invadir a casa, que todos morrem de sede-de-paixão. É medo, simplesmente, medo de não ser amor enquanto se pode amar. É medo de abraçar com braços feito corrente a causa nobre do aquecedor calor de um corpo que ama. Medo de encontrar no futuro o mesmo erro que aconteceu no passado, mesmo se sabendo que vivemos em um presente e os demais, já se foram ou possivelmente, não virão. É medo de repetir aquela dose de olhares aprofundados e interrogativos em meio ao transito. Nada mais que medo de ser feliz no amor e com o amor e esquecer que o resto do mundo existe. É medo ter fome e não conseguir se alimentar com só uma fonte do que te faz bem. E é no medo que nos fazemos frutos do orgulho e nos iludimos de frente ao espelho. E é nesse medo e com esse medo que eu não tenho medo de ter medo: e elevo minhas mãos de olhos fechados sem deixar que nenhuma gota do meu amor me escape por entre os dedos, pois acredito que meu amor é seguro, tão seguro que me abraça e tira os pés do chão sem receio de que eu o solte. E é com esse amor e por ele que meu medo virou mendigo nas ruas das incertezas: e na porta do que chamo de eu&você ele não baterá novamente.

Por: Giórgio Bonifácio